Passei tantos anos a escrever, para nada, para ninguém. Hoje em dia teria tanto para escrever. Para ti. Para mim. Para os que nos rodeiam. Mas hoje não tenho o que antes tinha: tempo. Hoje tenho algo maior que o tempo: vida. A vida fez-me entender que os grandes romances, as grandes histórias de amor, nunca foram escritos. Viveram-se. Os livros massudos são apenas lendas, um diz-que-disse-que-aconteceu de quem tem tempo. Os murmúrios dos grandes romances ficam documentados pelas mãos inquietas dos contadores de histórias, seres sem vida a perpetuar o amor. Viva é a chama que não sossega a alma das vidas que se vivem para o amor. Pobres mãos azuladas pela tinta. Pobres palavras ambiciosas. O amor não se traduz. O sentimento não se escreve. Só a vida nos garante todas as emoções. A realidade supera qualquer história.
Vive comigo a história que ninguém conseguirá escrever.
Vive comigo a história que ninguém conseguirá escrever.
2 comentários:
Que escrita, Raquel... fascinante... Conhecia mal essa tua outra qualidade e adorei conhecê-la melhor! Escreve, escreve!
Beijinho*
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a Amar!
:) *******
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