9.7.09

Passei tantos anos a escrever, para nada, para ninguém. Hoje em dia teria tanto para escrever. Para ti. Para mim. Para os que nos rodeiam. Mas hoje não tenho o que antes tinha: tempo. Hoje tenho algo maior que o tempo: vida. A vida fez-me entender que os grandes romances, as grandes histórias de amor, nunca foram escritos. Viveram-se. Os livros massudos são apenas lendas, um diz-que-disse-que-aconteceu de quem tem tempo. Os murmúrios dos grandes romances ficam documentados pelas mãos inquietas dos contadores de histórias, seres sem vida a perpetuar o amor. Viva é a chama que não sossega a alma das vidas que se vivem para o amor. Pobres mãos azuladas pela tinta. Pobres palavras ambiciosas. O amor não se traduz. O sentimento não se escreve. Só a vida nos garante todas as emoções. A realidade supera qualquer história.

Vive comigo a história que ninguém conseguirá escrever.



Foto de Luisinha.

2 comentários:

Ruben Portinha disse...

Que escrita, Raquel... fascinante... Conhecia mal essa tua outra qualidade e adorei conhecê-la melhor! Escreve, escreve!

Beijinho*

Acropolis disse...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a Amar!

:) *******