Deparei-me recentemente com vários artigos num forum sobre a vida das gerações passadas. Eu nasci em 1984, por isso se estás nos 20 e tais és bem capaz de te identificar com alguns destes tópicos.
- Mediam-me a temperatura com termómetros de mercúrio. Lá em casa havia um daqueles pratinhos com um reservatório de água para manter a comida quente, e o respectivo copo a condizer para beber o leitinho, e uma palhinha daquelas todas torcidas e de cor berrante. Tinha uma lagartinha verde para dormir, que ficava fluorescente de noite. Não ia para a cama antes de ouvir o Vitinho!
- Tinha aulas na primária às 8h da manhã (hoje em dia já só pode ser às 9h, senão as crianças podem ficar traumatizadas!). Levava uma lancheirinha (com sandes carregadinhas de fiambre, e manteiga, e queijo, e tudo o que apetecesse acompanhadas do sumo "Um Bongo") e uma mochila de 10 quilos (no mínimo) às costas. Lá dentro levava os livros todos, os cadernos e carradas de material, desde lápis de cor, guaches, esquadros ou réguas, mesmo que nem todos os dias fossem utilizados. Tinha apenas um colega mais cheinho na turma, que era sempre chamado de "o Gordo", porque ter uns quilinhos a mais não era tão comum como hoje. Usava cadernos da escola e bata. Usava cola UHU, se não fosse UHU, não era a mesma coisa! Tinha medo da professora, sempre que alguem se portasse mal obrigava-o(a) a ir ao quadro (de giz!) escrever 100 vezes se-lá-o-quê ou então a levar um encherto de reguadas em frente a toda a turma. Tinha aulas de ginástica no pátio da escola que consistiam basicamente em jogar à bola ou inventar esquemas para o tema do filme Dança Comigo. Nos intrevalos brincávamos às escondidas, à apanhada ou às telenovelas. Depois saía por volta das 5 da tarde, ou melhor, ficava à porta da escola à espera que a minha mãe me viesse buscar.
- No liceu a minha mala já era (ligeiramente) mais leve. O meu estojo (ou as centenas que tive) estavam recheados de canetas de todas as cores, cheiros e brilhantinas existentes, lápis, lapizeiras, afias e pelo menos duas borrachas e uma régua com desenhos! Tive uma certa dificuldade em habituar-me à ideia de ter um professor por cada aula e a meio do ano ainda não sabia bem o meu horário. Nas aulas passava o tempo a admirar as maravilhas que o meu estojo continha, a emprestar essas maravilhas aos colegas, a mandar bilhetinhos ou a passar um caderninho que deveria ser assinado por todos os meus colegas de turma. Achava sempre os meus directores de turma horriveis e todos tinham a mania de conspirar contra mim. Nos intervalos passava o tempo a evitar cruzar-me com alunos do 9º, 10º, 11º ou 12º ano, porque eles eram "grandes" e gozavam comigo, a tentar integrar-me no "grupo", a copiar os trabalhos de casa ou no bar a comprar pastilhas elásticas, um novo caderno da escola, ou folhas de ponto. A minha caderneta do aluno dizia que não podia sair da escola sozinha. Calhava-me sempre a mim ir à secretaria pedir o giz que tinha acabado, ou apagador que tinha desaparecido. Para as aulas de educação física tinhas de te despir em frente a todas as tuas colegas, e usar um maiô e sabrinas, além do obrigatório elástico para o cabelo.
- Nos tempos livres brincava às Barbies, com os Playmobil, jogava ao monopólio, ou então ia para a rua jogar com as outras crianças àqueles jogos que se desenhavam com giz no alcatrão. Jogava às damas com o meu avô, e foi ele que me ensinou a rodar o pião.
- Alguns anos depois jogava ao Diablo, dava os olhos da cara por um Iô-Iô dito "profissional" a dizer Coca-Cola na altura em que toda a gente tinha de andar com um e brincava com aquelas molas coloridas que desciam sozinhas as escadas. Coleccionava Tazos e Pega-Monstros, e cromos dos caezinhos do Bolicao. Tinha uma Tamagotchi e uma daquelas réguas coloridas que quando batiam no braço se enrolavam e ficavam como pulseiras. Passava horas colada ao Radio para tentar gravar uma música, e gastar a fita daquelas cassetes ruidosas de tanto gravar e regravar e de tanto Rewind por minuto. Jogava Tétris e achava que era o máximo da tecnologia. E todas as semanas comprava a Bravo ou a Super Pop. Tinha um walkman que levava para todo o lado, e as paredes do meu quarto eram forradas a posters dos meus ídolos (as Spice Girls, os Backstreet Boys e os Take That!), e claro, entre os posters tinha de ter um com o símbolo da paz.
- Lia as aventuras d'Os Cinco, os Arrepios, e passava horas a ouvir os Ace of Base, os Onda Choc, ou a Lambada. E inventava coreografias! Na televisão não perdia mil séries de desenhos animados (Bocas, Pushi, Os Três Mosqueteiros, Tom Sawyer, entre muitos outros), nem o programa dos videoclips de música ao Sábado (leia-se Top+). Surgem os meus maiores ídolos da altura: Metallica, Bon Jovi, Bryan Adams e Nirvana.
- Comia centenas de pastilhas Gorila, Push-Pop's, daqueles pacotinhos que tinham um pó que estalava na lingua, ou aqueles bisnagas deliciosas de pastilha elástica. Coleccionava todo o tipo de cromos ou bonequinhos que vissem de oferta nos Bolicaos, nas batatas fritas ou nos ovos Kinder.
- Nas férias ia (e vou lol) para a aldeia, e brincava com os meus primos, a nossa mais adorada actividade era andar de bicicleta, se bem que também adorássemos ir à piscina (que eu montava no meu quintal). Eu era a menina da cidade que levava e mostrava os items/brinquedos que ninguem tinha, e tinha de os emprestar a todos! No fim das férias passava os dias a pedir à minha mãe que fosse pôr o rolo das fotografias a revelar.
E poderia continuar a falar toda a noite. Se querem recordar visitem este, este, e este sites. Foi aliás nestes sites que me inspirei, o crédito vai para eles. =)
- Mediam-me a temperatura com termómetros de mercúrio. Lá em casa havia um daqueles pratinhos com um reservatório de água para manter a comida quente, e o respectivo copo a condizer para beber o leitinho, e uma palhinha daquelas todas torcidas e de cor berrante. Tinha uma lagartinha verde para dormir, que ficava fluorescente de noite. Não ia para a cama antes de ouvir o Vitinho!
- Tinha aulas na primária às 8h da manhã (hoje em dia já só pode ser às 9h, senão as crianças podem ficar traumatizadas!). Levava uma lancheirinha (com sandes carregadinhas de fiambre, e manteiga, e queijo, e tudo o que apetecesse acompanhadas do sumo "Um Bongo") e uma mochila de 10 quilos (no mínimo) às costas. Lá dentro levava os livros todos, os cadernos e carradas de material, desde lápis de cor, guaches, esquadros ou réguas, mesmo que nem todos os dias fossem utilizados. Tinha apenas um colega mais cheinho na turma, que era sempre chamado de "o Gordo", porque ter uns quilinhos a mais não era tão comum como hoje. Usava cadernos da escola e bata. Usava cola UHU, se não fosse UHU, não era a mesma coisa! Tinha medo da professora, sempre que alguem se portasse mal obrigava-o(a) a ir ao quadro (de giz!) escrever 100 vezes se-lá-o-quê ou então a levar um encherto de reguadas em frente a toda a turma. Tinha aulas de ginástica no pátio da escola que consistiam basicamente em jogar à bola ou inventar esquemas para o tema do filme Dança Comigo. Nos intrevalos brincávamos às escondidas, à apanhada ou às telenovelas. Depois saía por volta das 5 da tarde, ou melhor, ficava à porta da escola à espera que a minha mãe me viesse buscar.
- No liceu a minha mala já era (ligeiramente) mais leve. O meu estojo (ou as centenas que tive) estavam recheados de canetas de todas as cores, cheiros e brilhantinas existentes, lápis, lapizeiras, afias e pelo menos duas borrachas e uma régua com desenhos! Tive uma certa dificuldade em habituar-me à ideia de ter um professor por cada aula e a meio do ano ainda não sabia bem o meu horário. Nas aulas passava o tempo a admirar as maravilhas que o meu estojo continha, a emprestar essas maravilhas aos colegas, a mandar bilhetinhos ou a passar um caderninho que deveria ser assinado por todos os meus colegas de turma. Achava sempre os meus directores de turma horriveis e todos tinham a mania de conspirar contra mim. Nos intervalos passava o tempo a evitar cruzar-me com alunos do 9º, 10º, 11º ou 12º ano, porque eles eram "grandes" e gozavam comigo, a tentar integrar-me no "grupo", a copiar os trabalhos de casa ou no bar a comprar pastilhas elásticas, um novo caderno da escola, ou folhas de ponto. A minha caderneta do aluno dizia que não podia sair da escola sozinha. Calhava-me sempre a mim ir à secretaria pedir o giz que tinha acabado, ou apagador que tinha desaparecido. Para as aulas de educação física tinhas de te despir em frente a todas as tuas colegas, e usar um maiô e sabrinas, além do obrigatório elástico para o cabelo.
- Nos tempos livres brincava às Barbies, com os Playmobil, jogava ao monopólio, ou então ia para a rua jogar com as outras crianças àqueles jogos que se desenhavam com giz no alcatrão. Jogava às damas com o meu avô, e foi ele que me ensinou a rodar o pião.
- Alguns anos depois jogava ao Diablo, dava os olhos da cara por um Iô-Iô dito "profissional" a dizer Coca-Cola na altura em que toda a gente tinha de andar com um e brincava com aquelas molas coloridas que desciam sozinhas as escadas. Coleccionava Tazos e Pega-Monstros, e cromos dos caezinhos do Bolicao. Tinha uma Tamagotchi e uma daquelas réguas coloridas que quando batiam no braço se enrolavam e ficavam como pulseiras. Passava horas colada ao Radio para tentar gravar uma música, e gastar a fita daquelas cassetes ruidosas de tanto gravar e regravar e de tanto Rewind por minuto. Jogava Tétris e achava que era o máximo da tecnologia. E todas as semanas comprava a Bravo ou a Super Pop. Tinha um walkman que levava para todo o lado, e as paredes do meu quarto eram forradas a posters dos meus ídolos (as Spice Girls, os Backstreet Boys e os Take That!), e claro, entre os posters tinha de ter um com o símbolo da paz.
- Lia as aventuras d'Os Cinco, os Arrepios, e passava horas a ouvir os Ace of Base, os Onda Choc, ou a Lambada. E inventava coreografias! Na televisão não perdia mil séries de desenhos animados (Bocas, Pushi, Os Três Mosqueteiros, Tom Sawyer, entre muitos outros), nem o programa dos videoclips de música ao Sábado (leia-se Top+). Surgem os meus maiores ídolos da altura: Metallica, Bon Jovi, Bryan Adams e Nirvana.
- Comia centenas de pastilhas Gorila, Push-Pop's, daqueles pacotinhos que tinham um pó que estalava na lingua, ou aqueles bisnagas deliciosas de pastilha elástica. Coleccionava todo o tipo de cromos ou bonequinhos que vissem de oferta nos Bolicaos, nas batatas fritas ou nos ovos Kinder.
- Nas férias ia (e vou lol) para a aldeia, e brincava com os meus primos, a nossa mais adorada actividade era andar de bicicleta, se bem que também adorássemos ir à piscina (que eu montava no meu quintal). Eu era a menina da cidade que levava e mostrava os items/brinquedos que ninguem tinha, e tinha de os emprestar a todos! No fim das férias passava os dias a pedir à minha mãe que fosse pôr o rolo das fotografias a revelar.
E poderia continuar a falar toda a noite. Se querem recordar visitem este, este, e este sites. Foi aliás nestes sites que me inspirei, o crédito vai para eles. =)
4 comentários:
phOlá! Desculpa intrometer-me e ainda por cima pôr-me a falar de algo que nada tem a ver com o assunto. Respondendo ao teu pedido que encontrei num outro site, creio que podes obter o tema do Dartacão e creio que mais qualquer coisa em tinytunes.blogspot.com. Fica bem e que a caca esteja contigo!
Epa DEVOREI deliciosamente este teu texto. A serio, ainda não cheguei aos 20, tenho apenas os míticos 18 anos, onde supostamente tudo acontece. Contudo, tenho dois irmãos mais velhos. Lembro-me de ainda não conseguir acompanhar as legendas dos filmes e já imitar o Arnold a dizer "I'll be back!", lembro-me também de cantar U2, David Bowie e Nirvana, com umas letras q-valha-me-deus se alguém percebia o que eu cantava, de ficar com o dedo todo cheio de açucar derretido do Push-Pop, de ler as Mónicas e os Cebolinhas, que naquela altura ainda tinha de esperar que viessem do Brasil todos os meses, de ver o Top +, o Portugal Radical com a Rita Seguro, e pior ainda, o Sem Limites, quando eu achava que era bem bonito ver um surfista de fato cor de rosa flurescente, de ouvir a Rádio Cidade, ainda pirata, das máquinas fotográficas descartáveis que levava para as férias no Algarve, dos afamados "jogos da moeda" e do "copo"... Entre milhares de recordações que estão agora a eclodir na minha memória.
Repito, que delícia! :)
Obrigada por me relembrares da maravilhosa infância que tive, agora que estava tão afundada na minha vidinha académica, a pensar que já era uma adulta com uma licenciatura entre mãos. Faz-nos tão bem de vez em quando voltarmos a ser crianças! :D *
PS: se me permites vou usar e abusar do teu post no meu blog. :P Com os devidos "créditos" obviamente ;)
Sou uma amiga de uma amiga tua. Li as 2 ultimas postagens e adorei.Recordar e viver. Quem nao se lembra das profs da primaria que ainda mantinha o velho regime: batiam c a regua, castigavam quando não sabiamos a lição,etc. A musica, ponto essencial. Lembrom ds mhs primas, ja adolescentes na altura, terem posters d nivana, do jon bon jovi, dos metallica, o frances david charvet, dos kelly family, depeche mode,blondie 4. Falas no ace of base, que na altura a musica "all that she wants" fez mt sucesso. Lembrom tb de td a gente gostar ds filmes da walk disney: a bela e o monstro, o aladino, a princesa cisne, papuça e dentuça, etc...
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